Olá, queridos leitores do Inglês para Viagem! Eu me chamo Fernanda Cardoso, sou de São Paulo – Capital e há um ano moro nos Emirados Árabes Unidos, vou contar um pouquinho sobre minha experiência neste país, o qual aprendi a admirar. Venham comigo conhecer um pouco da experiência de uma brasileira morando em Dubai!

Como vim parar em Dubai

Em São Paulo, trabalhava como Secretária Escolar e como professora de Espanhol, atualmente trabalho como babá em Al Ain. Meu esposo trabalha no projeto do Governo das Forças Armadas do UAE há quatro anos e foi através dele que vim parar aqui.

Roupas típicas

Em janeiro de 2016, vim de férias e o que mais me chamou atenção, foi ver as pessoas com roupas típicas. As mulheres locais usam a Abaya (muitas mulheres só deixam as mãos e olhos descobertos e outras se cobrem totalmente), as mulheres mais antigas usam um ferro no rosto como se fosse uma máscara e os homens locais usam Dishdasha (vestido de manga comprida branca, conhecemos como Kandura).

Eu de Abaya na Mesquita Grand Mosque em Abu Dhabi

Muitas pessoas já me perguntaram se sou obrigada a me cobrir dos pés à cabeça ou mesmo a usar a Abaya (conhecida por nós como burca), e a resposta é: não.

Mesmo sendo um país muçulmano, os estrangeiros podem usar roupas comuns, desde que sejam respeitosas, recomenda-se que as mulheres sejam discretas para não chamar a atenção de olhares desagradáveis ou mesmo pedirem para se cobrir. Em Dubai, por ser uma cidade mais turística, você encontra muitas estrangeiras de shorts curto, blusa decotada ou de alças, roupas de academia, roupas mais justas no corpo. Os homens podem usar tranquilamente bermuda e regata, mas é proibido andar sem camisa na rua. E nas praias pode usar biquíni e sunga.

É muito comum nos centros comerciais este informativo (conforme foto) sobre usar roupas respeitosas e sobre não demonstrar afeto (beijos, abraços, trocar caricia).

Informativo sobre roupas em um centro comercial de Dubai.

Costumes diferentes

No início eu não andava de mãos dadas com meu marido, mas com o passar do tempo vimos que isso entre os estrangeiros era comum. Faz parte da cultura árabe homens andarem de mãos dadas, isto é uma forma de demonstrar carinho ao amigo e o cumprimento entre eles é “olhos nos olhos, nariz com nariz”.

Homens andando de mãos dadas em Dubai

Dubai é linda, segura e muito movimentada, com muitos comércios, prédios enormes, praias, parques e shoppings modernos e com uma diversidade cultural incrível. Vim em uma ótima época, pois janeiro é inverno e a temperatura chega até 28 graus de dia e 16 graus à noite. Com este clima parecido com o nosso clima no Brasil, pude conhecer alguns pontos turísticos, como Burj Khalifa, Shopping Dubai Mall, Dubai Frame, Burj Al Arab, Grand Mosque em Abu Dhabi, Zoo em Al Ain.

No verão, porém, é quase impossível fazer passeios ao ar livre, o mais comum é ficar dentro dos shoppings por causa do ar-condicionado.

Alimentação em Dubai

Por outro lado, a parte de adaptação alimentar foi tranquila, pois nos mercados Carrefour e Lulu você encontra muitos alimentos que temos no Brasil. O preço é um pouco caro, mas vale a pena, ainda mais para quem não está acostumada com os alimentos que há por aqui, em Dubai. Nos restaurantes eles utilizam diversos temperos e muita pimenta, então eu optei por comer mais em casa e quando comia na rua já tinha os restaurantes certos, pois meu esposo já os conhecia. Na praia encontramos um trailer com alguns pratos brasileiros.

Food truck brasileiro na praia em Dubai

Mesquitas e momento de oração em Dubai

O que mais vi por aqui foram Mesquitas, pois os muçulmanos fazem cinco orações diárias, em horários fixos. A chamada para oração é feita através dos alto-falantes. Nos shoppings é comum pararem a música ambiente e ouvir a chamada para a reza. Já observei tanto homens como mulheres, mesmo nas ruas ou parques, colocarem um tapetinho no chão e rezarem.

Mesquita em Dubai
Esta Mesquita fica atrás do meu prédio

Os Emirados são tolerantes com outras religiões, por isto a convivência entre muçulmanos, cristãos e seguidores de outras religiões é pacífica. Aqui tem igrejas católicas, evangélicas, centro espíritas, mas não como no Brasil, onde temos liberdade de fazer marchas, procissão, usar camisetas com cruz etc.

Visto de residente

Gostei muito deste tempo de férias, o contato com a cultura árabe me fez repensar e quebrar muitos preconceitos. Por ter alguns compromissos no Brasil, só foi possível vir em definitivo em janeiro de 2018. Cheguei aqui com seis malas e olha que só trouxe roupas, sapatos e alguns itens como carne de porco, feijão e café.

Na minha primeira semana já fomos atrás do visto de residente, é um processo burocrático, mas inevitável.  Seguem algumas informações uteis:

O processo funciona da seguinte forma: se traduz os documentos para o inglês, através de um tradutor juramentado, no meu caso traduzi a Certidão de Casamento, Certidão de Nascimento e Histórico Escolar (você paga por cada tradução). Esses documentos precisam ser validados no Itamaraty com um carimbo (serviço gratuito) e no Consulado Árabe você os valida com outro carimbo (serviço pago por cada documento). Nos Emirados existe este tipo de serviço, mas é bem mais caro.

Além dos documentos citados acima, eles pedem os passaportes, o contrato de trabalho e documentos do responsável (no caso meu marido) e contrato do imóvel onde moramos.

Exames de sangue e raio x são obrigatórios. O visto e convênio médico saíram em aproximadamente quinze dias (todo o processo é pago).

Adaptação

Meus primeiros seis meses não foram nada fáceis, a adaptação a minha nova realidade demorou. Para quem sempre trabalhou fora, ficar em casa se tornou muito difícil, me sentia inútil. Optamos por direcionar meu tempo e meus cuidados à nossa filha de três anos, no meu primeiro ano aqui.

Quando vim de férias sabia que retornaria a minha rotina, mas agora, vivendo num país que não é o meu, a coisa é bem diferente.

Por não falar muito bem o inglês eu não saia sozinha, ficava sempre na dependência do meu esposo, tinha vergonha por não falar tão bem, tinha medo de me perder, mas com o tempo fui criando coragem e comecei a me virar aqui em Dubai.

Percebi que estava acomodada por ter muito contato com a comunidade brasileira, mas comecei a estudar por conta própria e a ter aulas particulares com a minha professora.

Se você me perguntar o que mais sinto falta a resposta será: CHUVA. São Paulo é conhecida por suas variações de temperatura e em um ano aqui choveu apenas duas vezes. Como ainda não me acostumei totalmente com o clima quente daqui, nas raras vezes que chove se torna um evento, as pessoas até param só para contemplar a chuva.

Aprendendo com as situações

Meu primeiro contato com a cultura árabe foi em um almoço típico, a comida estava bem temperada. Aqui eles têm o costume de que se você comer toda a comida antes que todos os outros terminem, o dono da casa coloca mais comida, e se você diz que não quer é como se você não estivesse gostando.

Então eu montei a minha estratégia, comia bem devagar, mesmo com a comida fria, só para não ter que encher meu prato novamente e para não desapontar o dono da casa. Rsrsrs.

A única coisa que eu não consegui e até hoje não consigo é comer com as mãos (essa tradição ainda permanece em algumas famílias árabes). Faz parte da cultura árabe, quando se tem convidados, comer no chão.

Uma situação, um tanto constrangedora, aconteceu comigo com este mesmo árabe da foto. Ele é dono de um Gift (uma loja de variedades de presentes), eu e meu esposo fomos fazer compras e o encontramos. Eu acabei me esquecendo de que não se deve cumprimentar pessoas do sexo oposto com aperto de mão, estrangeiras devem esperar que o cumprimento venha deles. As Funcionárias ficaram espantadas com a situação e eu com muita vergonha.

Para acalmá-las, ele falou que eu era brasileira e amiga da família, então logo todos voltaram aos seus afazeres.  Desta eu nunca me esquecerei, pedi desculpas e tudo ficou bem.

Comunidade brasileira

A comunidade brasileira é muito grande nos Emirados. Nós mulheres nos reunimos a cada dois meses, para um café da tarde em algum restaurante, trocamos informações, ajudamos as recém-chegadas no que elas necessitam. Temos profissionais como cabeleireiras, manicures, esteticistas, personais, nutricionistas, advogadas, professoras de inglês e muitas outras profissionais, então, aqui optamos pela prestação de serviço de brasileiros(as) mesmo, por já conhecermos o serviço e a qualidade.

Queridos leitores, vou parando meu relato por aqui e espero que vocês tenham gostado e no meu próximo post irei falar sobre os pontos turísticos mais visitados, lugares que gosto de ir, Hamadã e algumas curiosidades.

Um até breve pessoal.

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